História do Candomblé JEJE

Candomblé Jeje, é o candomblé que cultua os Voduns do Reino do Daomé levados para o Brasil pelos africanos escravizados em várias regiões da África Ocidental e África Central. Essas divindades são da rica, complexa e elevada Mitologia Fon. Os vários grupos étnicos - como fonewefantiashanti, mina - ao chegarem no Brasil, eram chamados djedje (do yoruba àjèjì, 'estrangeiro, estranho'), designação que os yoruba, no Daomé atribuíam aos povos vizinhos,[1] Introduziram o seu culto em SalvadorCachoeira e São Felix, na Bahia, em São Luís, no Maranhão, e, posteriormente, em vários outros estados do Brasil.

História[editar | editar código-fonte]

Assim, como os Nagôs ou yorubas, os jejes língua ewelíngua fonlíngua mina e os fanti ashantis, formam grupos sudaneses que englobam a África Ocidental hoje denominada de Nigéria,Gana, Benin e Togo. Sua entrada no Brasil ocorreu em meados do século XVII.
A palavra djedje (jeje) recebeu uma conotação pejorativa, como “inimigo”, por parte dos povos conquistados pelos reis de Dahomey. Quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!” ("Olhem, os jejes estão chegando!).
Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravos, aqueles que já estavam aqui reconheceram o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil ou Nação Jeje.

Bahia[editar | editar código-fonte]

A daomeanaLudovina Pessoa, natural da cidade Mahi (pron. marri), foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia:
O templo de Ajunsun-Sakpata foi criado mais tarde pela africana Gaiaku Satu, em salvador e recebeu o nome mais conhecido por Cacunda de Yayá, que tem como sua representante a Gaiaku Maria de Lourdes Buana (Gaiaku Ominibu Kafae foobá), filha de Mãe Tança de Nanã (Jaoci), que era filha de Gaiaku Satu.A Cacunda de YáYá funcionou muitos anos no bairro da "Sussuarana" em Salvador, onde tiveram que se deslocar do lugar original pela construção da rodovia, onde foram indenizados pelo governo baiano, e foram se instalar na parte mais alta do terreno, que dizem ser tão grande que não sabiam a dimensão exata, tinha mata, fontes, riachos, tudo no terreno da Cacunda.
Gaiaku Lourdes, teve roça em Salvador, no Bairro Alto do Cabrito, e também em Nilópolis, cidade na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, e viveu até os seus 90 anos, falecendo em Outubro de 2014, marcando sua tradição no Kwe Foobá, com diversos descendentes do Jeje Savalu. Seguindo a tradição Kwe Foobá está a Doné Maira Bohana de Jesus, filha carnal e descendente espiritual de Gaiaku Lourdes. O Kwe Foobá está localizado na Rua Coronel França Leite, 1591 - Nilópolis - RJ.
São os Jeje Savalu ou Savaluno. Sakpata era rei da cidade de Savalu em Benin, segundo alguns historiadores, e foi o único rei que preferiu o exílio a se render aos conquistadores do Daomé. O dialeto dos savalus também é o Fon.
Na Rua do Curuzu, no bairro da Liberdade, em Salvador, Amilton Costa de Adaen segue a luta pela preservação da tradição do Jeje Savaluno, na condição de Doté, à frente do Hunkpame Savalú Vodun Zo Kwe (Templo do Vodun/Espírito do Fogo). Amilton é descendente espiritual da Cacunda de Yayá, onde teve o seu nascimento para zelar do Panteão Savaluno, pelas mãos de Jaoci Mãe Tança de Nanã.

Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]

No Rio de Janeiro, foi fundado pela africana Gaiaku Rosena, natural de Allada, o Terreiro do Kpodagbá no bairro da Saúde, que foi herdado por sua filha Adelaide São Martinho do Espírito Santo, também conhecida como Ontinha de Oiá (Oya Devodê), mais conhecida como Mejitó, que transferiu a casa de santo para o bairro Coelho da Rocha, e esse axé foi herdado por Glorinha Tokweno (lê-se: Toqüeno), com terreiro no bairro de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. O Kpodabá é a casa matriz , mas deixou ramificações, como o Kwesinfá fundado em Agostinho Porto, por Natalina de Oxum (Ezintoede) tendo como herdeira Helena de Dan que transferiu o axé para Parque Paulista, em Duque de Caxias. A sacerdotisa Ercylia Braz da Silva mais conhecida como Cecília de Bela Vista, tinha o seu terreiro fundado no Rio de Janeiro e foi iniciada no Jeje por mãe Runhó no terreiro do Bogum, após a morte de sua mãe de Santo ercylia migrou para o engenho Velho casa branca pois por motivo de força maior pois no terreiro do bogum não tinha nenhum pessoa q fosse mais velha do que a mãe ercylia pois mãe ercylia não ficou de mãe de Santo no terreiro do bogum bogum por grandes motivos, ao chegar no engenho Velho mãe maci deu obrigação em dona ercylia foi aí que ela ganhou o seu cargo de ya morô e yalê apois muitos anos ganhou o cargo de ya tebexé da casa branca, aos seus 115 anos de vida ela faleceu pois só tinha uma pessoa q poderia ficar como babalorixá era o babá kekerê de sua casa Jorginho de logum pois Antônio Jorge só era um dois últimos filhos de Santo dela com o seu terreiro fundado em Caxias ela tinha mais de 350 filhos de Santo raspado pois o único q poderia ser o herdeiro legal de tudo é Jorge de logum pois pai jorge o famoso ODÉBABAOMIM do rio de janeiro pois hoje ele exerce o seu cargo de babalorixá em Nova Iguaçu geneciano pois lá no seu yle ele tem mais de 200 filhos de Santo raspado pois hoje ele tem o seu grande Palácio a casa do grande rei odé e o príncipe logum. Tendo ramificações do Axé em Brasília, fundado pelo sacerdote Rui D'Osaguian filho de Natalina de Aziri. Em Manaus/Amazonas o kwensinfá teve sua ramificação através do Babalorixá Edmilson D´Oxossi, filho do sacerdote Rui D´Osaguian.
Depois, descendente do Zogbodo Bo Gu Ma Le Seja Hunde, veio Antonio Pinto de Oliveira, Tata Fomotinho que fundou o Kwe Sejá Nassó, no bairro de Santo Cristo, depois mudou-se para Madureira na Estrada do Portela, depois para São João de Meriti onde finalmente se estabeleceu na Rua Paraíba.
Dizem os mais velhos, que Mejitó, ajudou muito Tata Fomotinho no começo de sua vida de santo no Rio de Janeiro.
Ele deixou uma legião de filhos, netos e bisnetos. Dentre esses, Jorge de Iemanjá que fundou o Kwe Sejá Tessi, Pai Zézinho da Boa Viagem que fundou o Terreiro de Nossa Senhora dos NavegantesTia Belinha que fundou a Colina de OxosseEtemi Marcelo de Avimaje, mais conhecido no Rio de Janeiro como Doté Marcelo de Jagun, filho de Tia Belinha do Oxossi que fundou o Kwe Sejá Ji DanAmaro de Xangô, Djalma Souza Santos (Djalma de Lalu) que fundou o Kwe Lonã. Djalma de Lalu iniciou Doné Mirtéia de Ogun que fundou o Axé Kwe Azon, que por sua vez iniciou Doté Wildes de Obaluayê que fundou o Axé Kwe Egi, Doté José Luiz Nunes de Ogun, primeiro filho de Doné Mirtéia do Ogun, que fundou o Hunkpame Guniké, Doné Vilma da Oxum (Hunsó do Hunkpame Guniké), filha do Pai Bira de Bessen, Doné Dilcéia de Oxum que fundou o Kwe Kawì (neta de mãe Mirtéia), Doné Dezinha de Oxum que fundou o Kwe Ellè e Heraldo Sanches de Araújo (Doté Heraldo de Xangô ((filho de Doné Mirtéia) iniciado no Nago Egbá) após mudar as águas, fundou o Axé Kwe L'Ossu, Doné Maria de Iansã (in memoriam) (também filha de Mirtéia), que fundou o Kwe Sejá Demi, Doté Nelson de Logun Edé (in memoriam), que fundou o Kwè Sejá Singbo.
Ressaltamos ainda, a importância do Jeje Mahi quanto ao Vodun Azunsun ou Ajunsun - Azansu, Sakpatá. [Todos os Voduns, pertencentes ao panteão de Sakpatá, são da família Dambirá. Nesse panteão temos vários Voduns. O mais velho que se tem notícia é Toy Akossu, no transe, ele se mantém deitado na azan (esteira). Dizem os mais velhos, que Toy Akossu é o patrono dos cientistas, ele lhes dá inspirações para a descoberta das fórmulas mágicas que curarão as doenças e as pestes. Ele é a própria "doença e cura", como também um excelente conselheiro.]

São Paulo[editar | editar código-fonte]

Pai Vavá de Bessém era da nação Jeje Savalu de Cachoeira de São Félix iniciado aos 3 anos como era comum na época, quando jovem foi para Salvador onde teve um terreiro de candomblé e viveu por muitos anos, depois foi morar no Rio de Janeiro e por último em São Paulo onde morou até morrer.

Voduns[editar | editar código-fonte]

Os Voduns no Jeje são basicamente os da Mitologia Ewe e Fon.
  • Dangbé é a serpente sagrada que representa o espírito de Vodum Dan.
  • Mawu é o Ser Supremo dos povos Ewe e Fon.
  • Lissá que é masculino, e também co-responsável pela Criação.
  • Loko é o primogênito dos voduns.dono da joia de mahi que e o rungbe
  • Gu vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
  • Heviossô vodun que comanda os raios e relâmpagos.
  • Sakpatá vodun da varíola.
  • Dan vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
  • Agué vodun da caça e protetor das florestas.
  • Agbê vodun dono dos mares.
  • Ayizan vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.
  • Agassu vodun que representa a linhagem real do Reino do Dahomey.
  • Aguê vodun que representa a terra firme.
  • Legba o caçula de Mawu e Lissá, e representa as entradas e saídas e a sexualidade.
  • Fa vodun da adivinhação e do destino.
  • Aziri vodun das águas doces.
  • Possun vodun do po e da terra seca representado pelo tigre.
  • Bessem é o dono das águas doces em Abomey e Ouidah, do qual é patrono.
  • Sogbô vodun do trovão da família de Heviossô.
  • Tobossi, Naê ou Mami Wata, são todas as voduns femininas das ezins jeçuçu, jevivi e salobres.
  • Nanã considerada por todos os adeptos do Culto Vodun como a grande Mãe Universal.

Ritual[editar | editar código-fonte]

Na Nação Jeje existe a necessidade do poço (se não existir uma nascente nas terras), o ideal é um sítio com nascente, mata natural, plantas e animais.
Infelizmente nas casas urbanas isto já não é tão possível, pois as Casas cada vez mais diminuem de tamanho. Mas ainda assim toda casa Jeje deverá ter pelo menos um poço, um local reservado exclusivamente para as plantas e árvores necessárias ao culto, que chamamos "kpamahin", e alguns animais que são muito importantes no culto.
Voduns não usam roupas luxuosas não gostam de roupas de festa e geralmente preferem a boa e velha roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado.
A iniciação ao culto dos voduns é complexa, longa e pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do convento ou terreiro humpagme, que podem chegar a durar um ano, onde os neófitos são submetidos a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.

Hierarquia[editar | editar código-fonte]

Curiosidades: Tasén = cerimonia equivalente ao bori dos yoruba.
Hundote (rundote) = O mesmo que abiasé dos yorubas, quando a mae é iniciada com o filho no ventre, esse filho se torna um hundote.
Ahehun (Arerrum) = o mesmo que yao.
Ahuretè- ahè ( arrurete, arre ) = termo usado para pessoas nao iniciadas, o mesmo que abian dos yoruba.
Adla' = o mesmo que ebo' dos yoruba.
Azan/Zan = o mesmo que mariô/esteira dos yorubas.
Agrala = o mesmo que pade dos yoruba.
Ta = o mesmo que ori dos yorubas.
Hundeime = ronco
Mlam mlam = rezas
Dope= o mesmo que pao'
Aban= prato.
Abaman/Apomi= caneca.
Abieé = o mesmo que ago, perdão.
Huyin = o mesmo que nome, orukó dos nagôs.
Dohozan ( odorozan)= o mesmo que xire dos yoruba.
Durozan= despachar

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de cultos afro-brasileiros.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CHARLES, Hùngbónò. Iniciação no Jeje Mahi. Jeje Mahi no sul do país, mai. 2011. link.
  • MATORY, J. Lorand. Jeje: repensando nações e transnacionalismo. Mana, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 57-80, 1999. link.
  • PARÉS, Luis Nicolau. A formação do candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia. 2. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2007. link.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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